Relato de atividade em sala de aula

GUERRA NOSSA DE CADA DIA

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Guerra Nossa de Cada Dia
05/09/2024
História
Conhecimento
Ensino Médio
35
Lia Araújo





Ao utilizar o documentário "Guerra Nossa de Cada Dia" com os alunos do ensino médio, a intenção foi abordar o tema da violência estrutural e histórica no Brasil de forma mais dinâmica e próxima da realidade dos jovens. O filme revela que a guerra que vivemos hoje é um processo contínuo desde a chegada dos colonizadores, destacando como a violência permeia a construção social do país. Nosso principal objetivo era incentivar os alunos a refletirem sobre as camadas ocultas da sociedade brasileira, explorando como conflitos históricos ainda impactam a vida cotidiana, mesmo que não sejam percebidos explicitamente.

Além disso, o filme serviu para relacionar o conteúdo de História e Sociologia com a realidade contemporânea, oferecendo um panorama que ajuda a entender as lutas sociais que se desenvolvem em diversas frentes no Brasil. As entrevistas com intelectuais como Fernando Henrique Cardoso, Marcia Tiburi e Luís Mir foram centrais para promover uma discussão sobre as causas e consequências dessa violência crônica.

 


Discussão Inicial: A primeira atividade foi uma roda de conversa para levantar as impressões dos alunos sobre a violência em suas próprias vidas e na comunidade ao redor. A pergunta norteadora foi: "Você acha que estamos em guerra?". Esse momento inicial ajudou a conectar a vida dos alunos com o tema do filme, e as respostas mostraram uma visão diversa, com muitos reconhecendo a violência, mas poucos percebendo-a como parte de um processo histórico.

Exibição do Filme: Após a discussão inicial, exibimos o documentário Guerra Nossa de Cada Dia e pedi que os alunos fizessem anotações sobre frases ou momentos que os impactassem, especialmente nas falas dos entrevistados que conectam a violência atual com o passado colonial.

Dinâmica da Linha do Tempo: Com base nas entrevistas do filme e nas anotações dos alunos, montamos uma linha do tempo da "violência no Brasil", partindo de 1500 até os dias atuais. A ideia era que os alunos colocassem eventos que consideram marcos históricos de violência no Brasil (como a escravidão, ditadura militar, e guerra às drogas) e conectassem com eventos e experiências atuais.

Debate Interdisciplinar: Em seguida, promovemos um debate, dividindo os alunos em grupos que defendessem diferentes perspectivas, como as abordagens filosófica, sociológica e política da violência. Cada grupo apresentou suas análises sobre como as entrevistas e falas do documentário conversam com as disciplinas, especialmente em relação à ideia de "guerra civil contínua".

Produção de Podcasts: Como atividade final, os alunos foram incentivados a criar pequenos episódios de podcast em grupos, discutindo um aspecto específico da violência no Brasil que os marcou, com o título “Nossa Guerra de Cada Dia”. Isso permitiu um engajamento criativo, ajudando-os a conectar o conteúdo do documentário com a sua realidade e visão de mundo.


O filme apresentou temas que, à primeira vista, pareciam distantes da realidade dos alunos, mas se revelaram extremamente próximos ao serem contextualizados. A linha do tempo, por exemplo, fez os alunos refletirem sobre como as violências estruturais são perpetuadas ao longo dos séculos, o que gerou muitos insights sobre racismo, desigualdade social e as políticas de segurança pública.

O feedback dos alunos foi muito positivo, especialmente porque as atividades incentivaram a participação ativa e o pensamento crítico. Um aluno comentou: “Eu nunca tinha pensado na violência que a gente vive todo dia como uma guerra que começou lá atrás. Faz sentido”. Outro aluno se impressionou ao perceber que "nossa história é construída sobre lutas", destacando como o documentário lhe deu uma nova visão sobre os conflitos cotidianos.

A produção dos podcasts também foi um ponto alto. Muitos grupos usaram a oportunidade para dialogar com suas próprias realidades, comentando sobre a violência em suas comunidades e escolas, o que ampliou a relevância do tema. Houve desafios na discussão de alguns temas mais complexos, como as razões econômicas e políticas por trás da violência, mas isso serviu de base para aulas posteriores.

O uso do filme "Guerra Nossa de Cada Dia" foi eficaz para promover debates críticos e multidisciplinares. A sequência de atividades não só aproximou os alunos do tema da violência, como também proporcionou um espaço de reflexão sobre suas próprias vivências. Uma sugestão para melhorar futuras aplicações seria trazer um estudo mais aprofundado sobre os autores citados, como Luís Mir, para enriquecer o entendimento teórico e facilitar a compreensão dos alunos sobre as dinâmicas históricas e sociais em jogo. Além disso, integrar discussões com especialistas ou convidar sociólogos locais pode tornar o debate ainda mais produtivo.