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Relato de atividade em sala de aula

FUTURO ANCESTRAL NAS ESCOLAS

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Lá tem outras flores
03/11/2024
Sociologia
Pensamento científico, crítico e criativo
Ensino Médio
115
Harley Almeida
EEEP JOAQUIM ANTONIO ALBANO | CE | Fortaleza | Estadual





Descrição Clara e Relevante: O documentário “Lá Tem Outras Flores”, da série Fronteiras Fluidas de Mariana Fagundes, foi escolhido a partir de uma série de diálogos sociológicos referente aos povos indígenas e sua relação com a terra, o marco temporal e a demarcação de terras, além da presença de povos indígenas no Ceará. Esses diálogos perpassaram as turmas de ensino médio de uma escola estadual, profissionalizante em um “aulão pré-enem” em Fortaleza. O material audiovisual, além de outros da série, serviram como ferramenta pedagógica para aprofundar a compreensão dos/das estudantes sobre uma diversidade cultural, ancestralidade e o antropoceno. Nesse contexto, o doc possibilita uma reflexão crítica sobre temas como o papel dos povos indígenas na preservação ambiental frente ao antropoceno, a importância de reconhecer esse povos e uma cosmovisão envolvendo ritos e costumes, e a expressão artística como meio de comunicação e preservação cultural, um traço contracolonial e que pode possibilitar caminhos para uma educação antirracista.

Especificidade: Para atingir esses objetivos, foram explorados aspectos específicos do documentário, como o protagonismo de figuras centrais, entre eles, Davi Kopenawa, conhecido como o “porta-voz da floresta” e autor de narrativas que atravessam fronteiras culturais; Morzaniel Yanomami, cineasta que registra o cotidiano de seu povo; e Joseca Yanomami, artista que projeta suas visões de Xapiri (espíritos da floresta). Essas figuras representam de várias maneiras como o povo Yanomami lida com a preservação de sua cultura e do planeta, além de uma interação com o mundo exterior, o que permite um debate sobre como cada indivíduo contribui para a visibilidade e a preservação de suas tradições, mesmo em contextos de contato com outras culturas. 

Impacto Esperado: O uso do audiovisual visa promover uma maneira mais didática, que aproxima a relação tematizada com o cotidiano dos/das estudantes, promovendo uma aprendizagem transformadora, em que os/as estudantes possam compreender mais profundamente o mundo ao seu redor e um reconhecimento da importância dos povos indígenas para a sociedade e o meio ambiente.

Detalhamento das Atividades: Introdução ao Contexto Cultural e Social Yanomami

Exibição do Documentário “Lá Tem Outras Flores”

Descrição : O filme foi dividido em duas partes para facilitar a compreensão e a análise dos elementos presentes. Ao longo da exibição, serão feitas pausas estratégicas para comentários e esclarecimentos sobre as cenas de caça, colheita e rituais. os/as estudantes foram incentivados a anotar percepções, dúvidas e reflexões.

Objetivo: Apresentar o cotidiano Yanomami e seus protagonistas, permitindo os/as estudantes observar os aspectos culturais e ambientais diretamente, o que contribui para os objetivos de empatia e compreensão dos modos de vida tradicionais.

Discussão em Grupo e Roda de Conversa

Descrição: Após a exibição, as turmas foram divididas em grupos para discutir tópicos específicos, como a representação do papel de lideranças indígenas, a preservação dos saberes ancestrais e a expressão artística. 

Objetivo: Incentivar o engajamento e a reflexão crítica, ajudar os/as estudantes a construir coletivamente um entendimento mais profundo dos temas incluídos no documentário.

Interatividade: As atividades foram planejadas para que os/as estudantes estejam continuamente envolvidos de maneira prática e reflexiva. Durante a exibição, eles/elas participaram ativamente, anotando percepções e participando das pausas para discussão. Nas rodas de conversa, o nível de engajamento esperado foi bem interessante, já que cada grupo compartilhou suas ideias e debateu com os/as colegas.

Recursos Necessários: Para a implementação das atividades, serão necessários: Um projetor e sistema de som para exibição do filme. Textos de apoio, imagens e mapas da região amazônica. Computadores e acesso à internet para pesquisa e desenvolvimento de trabalhos escritos.

Observações: A aplicação do filme na disciplina de Sociologia desenvolvida em uma experiência pedagógica rica e impactante, especialmente ao tratar de temas como diversidade cultural, ancestralidade e preservação ambiental. Observou-se que os alunos ficaram inicialmente curiosos, muitos deles nunca tiveram contato direto com uma produção que retratasse o cotidiano e os saberes indígenas de maneira tão autêntica. A contextualização inicial sobre os Yanomami e suas práticas ajudou a estabelecer uma base sólida para o entendimento do documentário, o que facilitou o envolvimento dos alunos ao longo das atividades. Entre os desafios enfrentados, notou-se que alguns alunos tiveram dificuldade em lidar com o ritmo mais contemplativo do documentário, o que realizou um esforço extra na mediação para manter a atenção e a conexão com o conteúdo. Além disso, algumas falas em língua Yanomami, ainda que legendadas, trouxeram um certo distanciamento para alguns alunos, o que foi trabalhado com explicações adicionais sobre a importância de escutar a língua original e de respeito à cultura Yanomami.

Feedback dos Alunos: Muitos afirmaram que o documentário ofereceu uma perspectiva nova e necessária sobre o papel dos povos indígenas, especialmente ao tratar da preservação ambiental. Os/as estudantes comentaram que personagens como Morzaniel Yanomami, que atua como cineasta em sua própria comunidade, e Joseca, que projetam suas visões de Xapiri, os inspiraram a ver a cultura indígena como viva e em constante diálogo com o mundo atual. Eles/elas comentaram que a aula, além de diferente ajudou a perceber a importância da diversidade cultural presente em nosso país e a rever preconceitos ou estereótipos que possuíam. 

Reflexão: A experiência revelou-se bem-sucedida no engajamento e na construção de uma visão mais inclusiva e crítica entre os alunos. Sugere-se também incluir atividades pós-filme que incentivem os/as estudantes a relacionarem o conteúdo com questões sociológicas contemporâneas, como as discussões sobre os direitos dos povos indígenas e a preservação ambiental no Brasil e no mundo a partir do modo de vida indígena. Isso poderá permitir aos estudantes aplicarem o que aprenderam no documentário a temas que afetam a sociedade como um todo, enriquecendo ainda mais o aprendizado e fortalecendo a relevância do estudo sociológico para a vida.